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terça-feira, 18 de dezembro de 2012


PIZZA DO CACHOEIRA: BLINDAGEM DA TRÍPLICE ALIANÇA.
A pizza foi assada e colocada na mesa. A CPI do Cachoeira já havia se resvalado na farsa. Terminou em piada. De humorista ruim. O relatório do deputado Luiz Pitiman (PMDB-DF), de apenas duas paginazinhas, não prevê indiciamento de suspeitos que participaram do esquema de corrupção investigado pela Polícia Federal. Portanto, nada de indiciar Carlinhos Cachoeira e a ala empresarial do bicheiro, liderada por Fernando Cavendish, da Construtora Delta. Escaparam também, ilesos, os governadores de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), e Sérgio Cabral Filho (PMDB), do Rio de Janeiro. Criticado pela oposição por blindar o PT na comissão, o relator da CPI, deputado Odair Cunha (PT-MG), devolveu o troco. Em entrevista ao blog, o petista disse que a “tríplice aliança” articulou a pizza.“É uma autêntica pizza, com a qual não compartilhamos. A tríplice aliança – Perillo, Cachoeira e Cavendish – fez essa blindagem na CPI”, disse Odair Cunha. Segundo ele, o único ganho dos trabalhos, que torraram oito meses de investigação e muito dinheiro público foi o compartilhamento dos dados com o Ministério Público Federal e com a Polícia Federal. “Pelo menos assim a investigação pode continuar. Mas situações delituosas não deram em nada”, lembrou. O segundo deputado mineiro da CPI, Domingos Sávio (PSDB), votou a favor do relatório. Todos à mesa!
 

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012


LULA NÃO JOGA PALAVRAS AO VENTO.
Virou guerra. A revelação de trechos do depoimento de Marcos Valério ao Ministério Público federal, na tentativa de se livrar de uma longa estada na cadeia, em que ele afirma que o mensalão custeou despesas pessoais de Lula, que teria abençoado o mensalão, provocou tiroteio intenso entre situação e oposição. No Congresso, petistas tentam dar o troco ou pelo menos abafar o clamor dos oposicionistas por uma investigação ampla sobre Lula. Sobrou para o ex-presidente tucano Fernando Henrique Cardoso. Ele está ameaçado de ser convocado pela Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência do Congresso, para falar sobre chamada “Lista de Furnas”. Esse propalado documento, que não tem autenticidade comprovada, lista doações ilegais a 156 políticos em 2002, quando FHC era presidente. Em síntese, a situação quer mostrar que a oposição também tem o seu mensalão. O convite para o depoimento de FHC foi encaminhado pelo líder do PT na Câmara, Jilmar Tatto. Senadores petistas – Jorge Viana, Eduardo Suplicy (SP), Lindbergh Farias (RJ), Wellington Dias (PI) e Walter Pinheiro (BA). O interessante é o senador Viana, terminou saindo em defesa de FHC. Disse o seguinte: “Eu defendo que não se faça isso com o Lula, então não posso ter dois pesos e duas medidas. É certo que há uma campanha para destruir a imagem do Lula, mas isso não nos dá razão de fazer o olho por olho". O senador disse ainda de trata-se de um “grande brasileiro”, referindo-se ao ex-presidente. Nisso, o PT tem razão. Esse é o País dos mensalões. Mas, essa guerra provocou uma repercussão politicamente muito forte. Aparentemente acuado, Lula insinuou, em Paris, que pode ser candidato a presidente da República em 2014. Disse que houve resistência de empresários quando ganhou a Presidência pela primeira vez, arrematando que: "Espero que, se um dia eu voltar a ser candidato, eu tenha o voto deles, que eu acho que não tive nas outras eleições". Um político com a batuta de Lula não joga palavras ao vento. Foi uma forma de ele avisar à oposição para não bulir com ele, pois Lula-lá pode voltar. Interessante é que, as acusações a Lula, ofuscaram outras questões que envolviam o PT. Não se fala mais contra a prisão do ex-ministro José Dirceu e de outros petistas. A defesa do chefe tem prioridade.

terça-feira, 11 de dezembro de 2012


LULA – NÃO EXISTE CIDADÃO ACIMA DE QUALQUER SUSPEITA.
Não existe cidadão acima de qualquer suspeita. Digo isso porque me lembrei da obra-prima do cineasta grego Costa-Gravas, Z – Investigação sobre um Cidadão Acima de Qualquer Suspeita, sobre crimes da ditadura militar chilena, com participação da atriz brasileira Florinda Bulkan. Belíssima no filme de1969. Lula não é imune ou impune. Mas a pergunta é: a teia do mensalão vai envolver o ex-presidente? Acho improvável, mas não é impossível. Marcos Valério declarou ao Ministério Público Federal que pagou despesas pessoais do ex-presidente com dinheiro do valerioduto. Depôs também que foi ameaçado de morte pelo PT. As declarações de Valério, na tentativa de escapar de uma longa temporada na cadeia – ele foi condenado a mais de 40 anos de prisão – carecem de credibilidade. Agora mudou um pouco de figura. O presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Joaquim Barbosa, do alto da popularidade como caçador de mensaleiros, sugeriu ao Ministério Público a investigação das denúncias envolvendo Lula. Isso não quer dizer nada, pois denúncias vão e veem. Mas, sugestão do presidente do Supremo se traduz em quase uma ordem. Se for encontrado algum indício de que o ex-presidente se locupletou com o esquema, o quadro pode mudar. A oposição já saiu em campo. Hoje, em Brasília, o senador Aécio Neves ironizou que a capacidade do PT de criar fatos negativos ultrapassam a própria capacidade da oposição de denunciá-los. Segundo Aécio, quando a oposição estudava a operação Porto Seguro – aquele escândalo que envolve a suposta namorada de Lula, Rose Noronha – surgem fatos novos e atropelam as denúncias antigas. Mas o PT não se abalou. Lula disse, em Paris, que é “tudo mentira”. A presidente Dilma, também na capital francesa, disse que as denúncias são “lamentáveis”. Concluiu assim: “É sabida a minha admiração, o meu respeito e minha amizade pelo presidente Lula. Portanto, eu repudio todas as tentativas - e esta não será a primeira vez - de tentar destituí-lo da imensa carga de respeito que o povo brasileiro lhe tem". Cartas na mesa. É mais uma rodada do jogo, senhoras e senhores.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012


PARA AÉCIO É BOA HORA, ENQUANTO O PT SE ENROLA.
A água segue para o mar. Depois de nova derrocada do ex-governador José Serra,dessa feita a prefeito paulistano, é hora e vez de Aécio Neves na disputa da Presidência da República. Sabem disso as pedras de Minas, a indústria de São Paulo e os traços do arquiteto de Brasília. O momento é bom, enquanto o PT se enrola no mensalão e no namoro respingado de suspeitas de maracutaias de Lula e Rose. Aécio está com quase tudo, mas não pode ficar prosa. É cedo para a campanha. Se sair antes na chuva, vai se molhar. Por isso, estabeleceu etapas. Primeiro, vai se eleger presidente nacional do PSB, em maio próximo. Campanha, mesmo, só em 2014. Mas, hoje, ele não se fez de rogado. “Eu estou pronto. O Brasil está cansado com o que está acontecendo", disse Aécio, referindo-se às denúncias de corrupção que pipocam. FHC também atacou o governo. Ao falar da transposição do Rio São Francisco, deixada de lado, disse: "É uma vergonha. Este governo não tem nenhuma eficiência. Não tem por causa das malfeitorias e dos malfeitos e isso não é questão de moralismo. É porque isso afeta os resultados. É o povo que paga por isso." Engraçado que, na época em que  transposição era defendida pelo ex-vice-presidente José Alencar, a oposição atacava a ideia. Mas, oposição é assim mesmo, agora é a hora de ser bodoque e quebrar vidraças. Pegando a deixa, Aécio tem, ainda, problemas para transpor para chegar em 2014 em condições de competir e ganhar. Primeiro, ampliar sua imagem para todo o País. Têm regiões, com muito voto, que nunca ouviram falar em Aécio Neves. Já Dilma e Lula são conhecidos como níqueis. Outro é emplacar um nome consensual ao governo de Minas, que una os mais de 20 partidos que apoiam o governo tucano. A briga pelo apadrinhamento já está começando a ficar feia.Terceiro, como não se pode escolher adversário em eleição, é se preparar, pois a parada será dura: o PT tem Dilma e Lula, na regra três – ou vice-versa – para disputar mais quatro anos de poder. Não é fácil.

domingo, 2 de dezembro de 2012


DÉCIO PIGNATARI: O BRASIL ENGANA O LUTO.
O Brasil está de luto. Morreu Décio Pignatari. Mas o Brasil não sabe que está de luto. Pignatari era pop, mas não era popular. O Brasil sabe de Paulo Coelho, a quem louvo pelo trabalho como letrista do imortal Raul Seixas. Décio Pignatari, que morreu ontem, fazia parte dos chamados trigênios, uma forma de elogiar – e de criticar – os três poetas que inventaram o concretismo e outras maneiras de vanguarda no País. Nomes incensados em todo o mundo: ele, Haroldo de Campos, que morreu em 2008, aos 73 anos, e Augusto de Campos, com 82 anos. Para mim, hoje, Augusto, ao lado do chileno Nicanor Parra, de 98 anos, são os dois maiores poetas (antipoetas?) do planeta. Esse final de ano tem sido terrível para as artes brasileiras. Há três meses, também morria Affonso Ávila, aos 94 anos, poeta das Minas. Acredito que Campos (Augusto e Haroldo), Ávila e Pignatari são os quatro mais importantes poetas brasileiros contemporâneos. Mas agora só um está por aqui (perdão aos amantes de Ferreira Gullar, aos quais me incluo). Como sou comentarista político, devo falar de política. Vou fazê-lo com dois poemas de Décio Pignatari (as reproduções que fiz são artesanais). O primeiro é “Terra”, que intui a terra arada e dividida, como deveria ser, não só poeticamente, mas nos campos: 

ra   terra   ter

rat    erra  ter

rate   erra  ter

rate    rra   ter

rater    ra   ter

raterr     a  ter

raterr      a ter

raterra     terr

araterra      te

rraraterra     t

errraraterrra

terraraterra 

O segundo é “Coca-Cola”, sobre a bebível ignorância humana:
 
 
beba coca cola

babe          cola

beba coca

babe cola caco

caco

cola

         c l o a c a

 

sexta-feira, 30 de novembro de 2012


Coloco hoje no blog artigo que publiquei em “O Tempo” sobre Hélio Garcia, na Editoria de Opinião, coordenada pelo também cineasta Victor de Almeida (um luxo só, como diz a canção, da mídia mineira). O texto é de março (os idos...), mas não perdeu a contemporaneidade. O motivo de bisá-lo é que pretendo (está sendo conversado) publicar outros artigos, semanalmente, nessa linha. A ideia é mostrar aspectos inusitados da política de Minas e de seus personagens. Espero que goste.
 
Hélio Garcia, personagem do rico folclore político mineiro
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> Publicado no Jornal OTEMPO em 22/03/2012
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> CARLOS BARROSO
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> Jornalista; comentarista político da "BHNews TV" e colunista da revista "MatériaPrima"
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> FOTO: DUKE
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>
> DUKE
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> Hélio Garcia, apesar de seu mutismo, era quase um literato da política. Explico: o último cacicão de Minas buscava, no passado, ensinamentos - e fraseologia - dos mestres para construir o presente. Exatamente como fazem os escritores, que recompõem, a partir de seus precursores, sua própria essência literária.
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> Ele repetia máximas como a do ex-governador (ou interventor) Benedito Valadares: "Bem comum, bem nenhum". Benedito mostrava que obras subterrâneas, como é o caso do esgotamento sanitário, não provocam impacto eleitoral.
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> Um obelisco, uma praça reformada por traço de arquiteto, ao contrário, conquistam fama e ganham eleições.Exemplo: a reforma da praça da Liberdade teve grande peso na eleição de Eduardo Azeredo - por sinal, catapultado ao governo por Garcia.
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> O cacique conseguia até tiradas poéticas. Diante da insistência de jornalistas sobre promessas marqueteiras, saiu-se com esta: "Não me lembro. Tenho um limpador no para-brisa traseiro que apaga tudo para trás".
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> Metáfora garciística. Acabou imitado por Fernando Henrique Cardoso. Confrontado por discrepâncias entre seu passado de sociólogo e decisões de governo, o tucano pediu: "Esqueçam o que escrevi". Puro Hélio Garcia.
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> Outras frases revelam o apreço dele à chamada "mineiridade": "Não brigo, mas também não faço as pazes."
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> Como quase-literato, buscava na autorreferência o entendimento do fazer político.
> Comparava o início de disputas eleitorais a um caminhão de porcos. "Quando o caminhão ainda está parado, os porcos berram, grunhem, fazem um escarcéu! Colocada a primeira marcha, quando o caminhão começa a andar, os porcos ficam caladinhos; todo mundo se acomoda".
> Uma autocrítica nada lisonjeira à política.
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> Outra pérola que adorava jogar aos jornalistas (não aos porcos) atacava a política feita em microfones, sob o flash dos fotógrafos e as luzes da TV. "Política deve ser feita à noite, com chapéu e sobretudo, dentro de um táxi, de preferência em movimento".
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> Este artigo não pretende defini-lo ou a seus mandatos no governo (1983-84/1991-94), política ou historicamente. Trata-se de reminiscências jornalísticas.
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> Garcia não se sentia bem diante da assertiva de que passava o tempo todo no Palácio das Mangabeiras, enquanto o homem forte de seu governo, Evandro de Pádua Abreu, cuidava do varejão palaciano. EPA mantinha, contudo, um telefone vermelho - sou testemunha - que trinava o dia todo, com instruções, às vezes irritadas, de Garcia.
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> Esse folclore tinha humor. Quando ele deixou o PMDB, em 1990, e fundou o PRS para aglutinar base suprapartidária, um repórter decifrou a sigla: "PRS - Partido Regado a Scotch".
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> Durante a disputa do governo pelo PT, Virgílio Guimarães contou-me uma história que mostra a ambivalência - politicamente perigosa - dessa exploração eleitoral. Virgílio abriu um comício atacando o gosto de Garcia pela bebida. Do meio do público, uma voz irritadiça retrucou: "Se quiser atacar o homem, ataca. Falar que ele bebe, não! ‘Nó is ’ aqui tudo bebe!". Virgílio não tocou mais no assunto. "Se eu bebesse o tanto que falam, não estaria vivo", reclamou, certa vez, o ex-governador.
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> Fumador inveterado, Garcia foi provocado por uma repórter que queria saber por que ele nunca participava d e eventos matinais. Queria pegá-lo em relação a seus hábitos boêmios.
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> - Mas o senhor faz o quê pelas manhãs?
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> - Tusso!

terça-feira, 27 de novembro de 2012


MORTE NO AGLOMERADO DA SERRA: O MUNDO QUER MUDANÇAS.
O mundo está mudando. Muita gente usa antolhos e se nega a ver. A sociedade, felizmente, evolui. Gerações acreditavam que a mudança seria ideológica. Não sei comensurar o peso disso. Mas a expansão da rede social mudou o mapa ideológico do mundo. Não há dúvida de que revoluções árabes foram e estão sendo feitas usando a rede como principal instrumento de informação. No Brasil, houve a ascensão econômica de expressivas camadas populares. Hoje, essas pessoas têm acesso à rede social, à mídia eletrônica. Em São Paulo, a execução covarde de um detido pela PM foi filmada por um celular e estourou na imprensa. Em São Paulo, em Sorocaba (interior paulista), em Santa Catarina, há distúrbios que precisam ser analisados sem preconceito. Não basta falar que é ação do PCC. Algo está mudando. Mais uma morte no Aglomerado da Serra, depois da execução, há um ano, de um tio e sobrinho dele no local. Ao que tudo indica, o crime  anterior envolvia achaque policial. Não se pode pré-julgar o caso de agora, mesmo com a população afirmando tratar-se também de execução. Mas, mais que nunca, é necessário dar uma resposta convincente aos moradores do Aglomerado. O presidente do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ministro Joaquim Barbosa, que também preside o Supremo, disse hoje que o CNJ estuda fim da Justiça militar nos estados.A proposta nasceu diante da constatação de que o Tribunal de Justiça Militar de Minas Gerais deixou prescrever 270 processos contra militares. Embora o tribunal tenha um orçamento de quase R$ 31,5 milhões. Isto é, não importa o que o militar fez, ele não será mais processado. Cresce o clamor para que esses casos, que envolvem diretamente a população, sejam entregues a tribunal de justiça comum. Se um policial roubar uma arma em um tribunal, é caso de tribunal da corporação. Se matar um cidadão, vai para a justiça comum. “Uma justiça (a militar) que poderia muito bem ser absorvida pela justiça comum, porque não há qualquer necessidade de sua existência”, grifou Joaquim Barbosa.

segunda-feira, 26 de novembro de 2012


PT: BRASIL MAIS UM TERÇO?
Dizem que São Paulo é meio Brasil. É exagero. Mas é um terço. O estado tem 33% da economia brasileira, do PIB, produto interno bruto nacional. O PT, além da presidência da República, quer esse terço. A fórmula foi lançada pelo marqueteiro da presidente Dilma, João Santana. Experiente jornalista de política antes de se enveredar pelo marketing, com seis vitórias em eleições presidenciais no currículo, no Brasil e no exterior, ele, não está só fazendo balão de ensaio. É um recado direto à oposição para 2014. Nos últimos dias, foi anunciado que o senador Aécio Neves (PSDB-MG) sairá candidato à presidência nacional do partido tucano. É uma forma de ocupar espaço na mídia, já que ele se tornará personagem constante no noticiário (até mais que agora). Foi anunciado que Aécio iniciará também uma caravana pelo País – bisando a estratégia de Lula antes de vencer a primeira eleição presidencial –, até mesmo para expandir o seu nome pelo País. Pois bem, o PT, via marqueteiro, já manda o recado: virá com força total em 2014. 

LEAL E COMPETENTE SÉRGIO MIRANDA.
Fiquei estarrecido (não encontro outra palavra) com a notícia do falecimento, hoje, de Sérgio Miranda, que durante quatro legislaturas foi deputado federal pelo PCdoB. Competente, leal, inteligente, grande fonte para os repórteres de política, ele era nordestino (Belém do Pará), mas veio para Minas como militante (segundo me disse, eles eram deslocados pelo País para ocupar espaços políticos) e se tornou mineiro como poucos. Morreu, hoje, em Brasília, 65 anos, aparentemente vigoroso. Evoco aos céus existentes por ele.

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

REPUBLICADO: A POSSE DE JOAQUIM BARBOSA: O HAITI É AQUI.

O fato de um afrodescendente assumir o mais alto posto da Magistratura é de importância incomensurável. Parabéns ministro Joaquim Barbosa. Contra todos e todos, ele chegou lá. Contudo, não vai mudar muita coisa. O racismo no Brasil é camuflado pela chamada cordialidade do brasileiro. Mas é um dos mais fortes do planeta. Exemplo: são quantos ministros negros no primeiro escalão do Governo Dilma (PT)? Talvez só a ministra da Igualdade Racial (que é uma obviedade), Luiza Bairros. Quantos secretários negros no governo Anastasia (PSDB)? Quais no secretariado do prefeito Márcio Lacerda (PSB)? Pouquíssimos, se é que existem. O fato de o presidente do Supremo ser negro, por si só, não vai alterar essas condições. As cotas, eu acredito, embora importantes, também não serão motor da história de mudanças. O escritor Machado de Assis, neto de escravos, foi apontado pelo conceituado crítico Harold Bloom como o maior gênio literário afrodescendente da humanidade. Mais de cem anos depois da morte de Machado (1908), não creio que esse fato tenha melhorado as condições dos negros brasileiros. Para mudar, é preciso haver uma democracia econômica no País. O número de homicídios – que já era um dos maiores do mundo – dobrou em São Paulo nos últimos meses. Boa parte das vítimas é de jovens e negros. Não é só em São Paulo. Isso acontece em todo o País, principalmente nas regiões metropolitanas. Há um programa deliberado de extermínio, que não é discutido por causa da hipocrisia e dos interesses reinantes. Tudo é colocado, sem investigação, na esfera de “guerra do tráfico”, “briga de gangs”..Como diz a música “Haiti”, de Gilberto Gil e Caetano Veloso, costumeiramente são forças policiais formadas por uma maioria negra perseguindo (torturando e matando) negros. A deputada Janete Pietá (PT/SP), que defende direitos trabalhistas dos empregados domésticos, deduziu que a maioria é formada por mulheres negras. Pesquisa recente do IBGE aponta que a faixa de mulheres com mais dificuldades de contrair casamento é da raça negra. Portanto, segundo o racismo brasileiro, que transita em setores pouco imagináveis, a afrodescendente é para trabalhar de doméstica, não pode nem casar. Logicamente, tem exceções – e muitas. Mas, o Haiti é aqui; continua sendo aqui. Não é porque Lázaro Ramos é um dos principais artistas globais que o racismo diminuiu.

PS: fiz, há dois anos, um poema visual, “Presunto a Passarinho”, sobre o tema. Quem se interessar, envio por e-mail. Os meus endereços são: carlosbarrozo@hotmail.com / jornalistacarlosbarroso@gmail.com

 

 

A POSSE DE JOAQUIM BARBOSA: O HAITI É AQUI.
O fato de um afrodescendente assumir o mais alto posto da Magistratura é de importância incomensurável. Parabéns ministro Joaquim Barbosa. Contra todos e todos, ele chegou lá. Contudo, não vai mudar muita coisa. O racismo no Brasil é camuflado pela chamada cordialidade do brasileiro. Mas é um dos mais fortes do planeta. Exemplo: são quantos ministros negros no primeiro escalão do Governo Dilma (PT)? Talvez só a ministra da Igualdade Racial (que é uma obviedade), Luiza Bairros. Quantos secretários negros no governo Anastasia (PSDB)? Quais no secretariado do prefeito Márcio Lacerda (PSB)? Pouquíssimos, se é que existem. O fato de o presidente do Supremo ser negro, por si só, não vai alterar essas condições. As cotas, eu acredito, embora importantes, também não serão motor da história de mudanças. O escritor Machado de Assis, neto de escravos, foi apontado pelo conceituado crítico Harold Bloom como o maior gênio literário afrodescendente da humanidade. Mais de cem anos depois da morte de Machado (1908), não creio que esse fato tenha melhorado as condições dos negros brasileiros. Para mudar, é preciso haver uma democracia econômica no País. O número de homicídios – que já era um dos maiores do mundo – dobrou em São Paulo nos últimos meses. Boa parte das vítimas é de jovens e negros. Não é só em São Paulo. Isso acontece em todo o País, principalmente nas regiões metropolitanas. Há um programa deliberado de extermínio, que não é discutido por causa da hipocrisia e dos interesses reinantes. Tudo é colocado, sem investigação, na esfera de “guerra do tráfico”, “briga de gangs”. Como diz a música “Haiti”, de Gilberto Gil e Caetano Veloso, costumeiramente são forças policiais formadas por uma maioria negra perseguindo (torturando e matando) negros. A deputada Janete Pietá (PT/SP), que defende direitos trabalhistas dos empregados domésticos, deduziu que a maioria é formada por mulheres negras. Pesquisa recente do IBGE aponta que a faixa de mulheres com mais dificuldades de contrair casamento é da raça negra. Portanto, segundo o racismo brasileiro, que transita em setores pouco imagináveis, a afrodescendente é para trabalhar de doméstica, não pode nem casar. Logicamente, tem exceções – e muitas. Mas, o Haiti é aqui; continua sendo aqui. Não é porque Lázaro Ramos é um dos principais artistas globais que o racismo diminuiu.

terça-feira, 20 de novembro de 2012


A CHUVADA FORMA UM RIO: LEVA VOCÊ E A PLACA.
Estou perplexo, pois vejo o meio político mais preocupado com questões partidárias, com conchavos, do que propriamente com um trabalho articulado de prevenção da chuvarada em Minas. Mais uma vez, o Estado está ameaçado com mortes e catástrofes. O governador Antonio Anastasia (PSDB) se reuniu ontem,  no Palácio da Liberdade, com novos vereadores eleitos da base aliada. Discutiu com eles as dificuldades financeiras para o trabalho de prevenção. Anteriormente,  Anastasia havia criticado o burocratismo do governo federal na liberação de recursos. Ontem, ele pediu um novo plano de liberação emergencial para contenção e prevenção. Por que, no entanto, a reunião foi apenas com os novos aliados? Na Assembleia Legislativa, os deputados oposicionistas Rogério Correia (PT) e Sávio Souza Cruz (PMDB) levaram ao plenário um uniforme de babá. A peça seria entregue ao vice-prefeito eleito, deputado Délio Malheiros (PV), que teria  incumbência de encaminhá-la ao prefeito Márcio Lacerda (PSB). Na semana passada, o prefeito admitiu falhas na prevenção. Completou que: “Nós devíamos ter sido um pouco mais babás dos cidadãos, para que eles não corressem riscos”. Penso que, ao contrário de ironias sobre uma frase desastrada, de conchavos partidários, tanto governador, prefeito, deputados e vereadores teriam de fazer uma articulação suprapartidária para pressionar por verbas e resultados. Para buscar uma prevenção eficaz para a tragédia anunciada da chuva. Senão, o número de vítimas facilmente vai ultrapassar o da temporada passada: 24 mortos. Até agora – e ainda não chegou dezembro – já são 11. Se não houver união política, no mínimo, o drama se repetirá. Não basta colocar placas em locais de riscos: a chuva forma rapidamente um rio no local. Leva você e a placa.

sexta-feira, 16 de novembro de 2012


QUEDA NA CONTA DE LUZ ACERTA AS FINANÇAS DO ESTADO
Neste final do ano, ao menos um ponto o consumidor poderá comemorar. A Medida Provisória 579 determinará em 2013 um desconto de 20% nas contas de energia, segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica – Aneel. A energia no Brasil é uma das mais caras do mundo. E, absurdo do absurdo, é a taxação que existe do consumo familiar, a chamada conta de luz.  Isso espanta o mundo. Por isso, essa desoneração de 20% já vem tarde. Conversei com político que dialoga todo dia com o governador Antonio Anastasia (PSDB). Ele disse que ninguém do Governo vai cometer a insensatez ou mesmo a disparidade de criticar esse desconto. Mas, uma moeda tem dois lados, cara e coroa, ou até mais, a borda e o interior. E esse desconto de 20% na conta de luz vai pesar muito nas finanças do Governo, que é o grande acionista da Cemig. Só em ICMS, vai haver uma queda de R$ 500 milhões ao ano. E o Estado também deixará de receber cerca de R$ 1,5 bilhão em dividendos, como dono da estatal. Ano passado, Minas arrecadou R$ 35 bilhões. Portanto, a receita cairá em cerca de 7% com a desoneração. 2013 será um ano de dificuldades. A Europa já assumiu  que está em recessão; o crescimento da China recuou; os Estados Unidos apenas esboçam uma recuperação. E grande parte da arrecadação mineira está calcada em commodities. A exportação é a primeira a pagar a conta da crise. Os números da indústria também  patinam. Portanto, o novo ano deverá apontar para a queda acentuada de investimentos do Estado, que já tem de pagar, mensalmente, um papagaio de quase R$ 500 milhões à União - por conta do serviço da dívida.  E não será ano eleitoral, que atrai investimentos e empregos, pelo menos provisórios. O governador Anastasia, que se reúne, na segunda-feira, no Palácio da Liberdade, com vereadores de Belo Horizonte, deve estar quebrando a cabeça em busca de saídas para amenizar o quadro.
 

sexta-feira, 9 de novembro de 2012


MAIS FÁCIL PARA DIRCEU É PEDIR ASILO POLÍTICO
O ex-ministro José Dirceu não fugiria do País. Ele já fugiu uma vez, mas sob ameaça de morte, acossado pela ditadura militar, que pegava, torturava e matava, ao menos em mais de 300 casos comprovados. Dirceu não se considera um ladravaz, um ladrãozinho. Ele reagiu ao pedido de apreensão do passaporte determinado pelo ministro-relator Joaquim Barbosa. Lula recomendou que nessa fase, estrategicamente, os petistas ficassem na moita e não provocassem o Supremo Tribunal Federal. Mas Dirceu rebateu trata-se de um “puro populismo jurídico”. O ministro Joaquim Barbosa, no entanto, não pode partir do pressuposto de que fulano ou sicrano não vai fugir. Não pode se basear em conjecturas. Vários condenados pela Justiça Brasileira preferiram o caminho do exterior. Um exemplo foi PC Farias, homem forte do ex-presidente Fernando Collor, que terminou fugindo. Reconduzido ao País, acabou assassinado, em episódio nebuloso da história brasileira. Mais fácil para Dirceu seria entrar em uma embaixada, por exemplo a da Venezuela do reeleito presidente Hugo Chávez, e pedir asilo político aos “hermanos”. Mas o importante no mensalão é o País deixar para trás a idéia de que poder é sinônimo de corrupção. Foi o que disse para mim – com outras palavras – o ex-presidente Supremo, o mineiro Carlos Velloso. Até mesmo o presidente da China, Hu Jintao, advertiu em discurso recente de transferência de poder que a corrupção pode ser fatal para aquele País. A corrupção na alta esfera de poder chinês é uma praga. No Brasil é endêmica. O processo que apurava tráfico de influência envolvendo o filho de Lula, Fábio Luis, mais conhecido como Lulinha, foi arquivado pela Polícia Federal e pelo Ministério Público. Em 2005, a pequena empresa de Lulinha, a Gamecorp, recebeu um aporte de capital de R$ 5 milhões da antiga Telemar, telefônica que depois se fundiu com a Brasil Telecom para criar a Oi. Em seguida, o governo Lula mudou as regras do jogo setor de telecomunicações para tornar possível a fusão da Telemar com a Brasil Telecom. É assim e assado.

 

quinta-feira, 8 de novembro de 2012


 

 A 300 KM DA COSTA, OS ROYALTIES PERTENCEM AO RJ?
A presidente Dilma está mais uma vez entre a cruz e caldeirinha, como se diz popularmente. Derrotada pela Câmara dos Deputados, que provou – a exemplo da votação do Código Florestal –  que entre interesses e fidelidade, não titubeia: fica com os interesses. A partilha dos royalties agrada a quase todos os estados, mas coloca o Espírito Santo e principalmente o Rio de Janeiro em pé de guerra contra a partilha. O governador Sérgio Cabral (PMDB) já avisou que o Estado vai fechar. Ele apela até ao emocional. Ameaça com o fracasso da Copa do Mundo, em 2014, e das Olimpíadas, dois anos depois, competições centralizadas no RJ. Se Dilma não vetar parcialmente o projeto de divisão, o impasse poderá parar no Supremo Tribunal Federal.  A defesa dos demais estados também é consistente: por que o pré-sal, a 300 km mar adentro, deve pertencer a esse ou aquele estado? O petróleo, transformado em gasolina e insumos, não é consumido por todo o País? Se todo mundo consume e sustenta a máquina do petróleo, não é justo que todos recebam royalties? Minas Gerais será beneficiada pela partilha.  O repasse ao Estado e municípios pulará de R$ 91 milhões para R$ 757 milhões – um aumento de 726%, segundo projeções. Mineiramente, o governador Antonio Anastasia (PSDB) tem evitado se pronunciar sobre o assunto. Em junho último, ele lançou uma campanha contra a disparidade no tratamento do royalty do petróleo e do minério. Enquanto o petróleo alcança a soma de R$ 25,8 bilhões em benesses com o royalty, a mineração fica muito aquém: estanca em R$ 1,5 bilhão. Como Minas concentra quase 25% da extração mineral do País, haveria um grande reforço de caixa. Com o aumento da partilha dos dividendos do petróleo, mais ainda.

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

A ESCRAVIDÃO DOS MUNICÍPIOS PELO GOVERNO FEDERAL.
Os municípios vivem hoje uma situação de escravidão em relação ao governo federal. A definição partiu do presidente da Assembleia Legislativa, deputado Dinis Pinheiro (PSDB), após o relato exacerbado de prefeitos sobre a situação econômica de suas cidades. A reunião, hoje, no plenário do Legislativo, também patrocinada pela Associação Mineira de Municípios, reuniu, além de 200 prefeitos que não se reelegeram, presidentes de Câmaras Municipais, vereadores e demais líderes municipalistas. A União fez cortesia com o chapéu alheio. Ao desonerar o IPI, principalmente para automóveis e para a chamada linha branca, acertou em cheio os municípios. Vinte e três e meio por cento do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) nascem do IPI. Oitenta por cento dos municípios mineiros dependem quase que exclusivamente do FPM. Com a redução do imposto, as cidades ficaram na penúria. A situação dos prefeitos que estão saindo – porque já eram reeleitos ou não se reelegeram – é ainda pior. A Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) impede que eles deixem contas a pagar para o sucessor. Se fizerem isso, podem receber multa pesada, de 1 a 10 salários que recebem e serem condenados a até quatro anos de prisão. Os prefeitos reeleitos dão um jeito de maquiar as contas; quem sai, tem de apresentar números redondos. Otra situação: como as contas dos municípios estão zeradas é grande a dificuldade para pagar o 13º salário dos funcionários. Por isso, os prefeitos atauam para mudar o quadro e não sair das prefeituras pelas portas dos fundos. No dia 19, eles fazem nova marcha a Brasília. Para protestar. Pedem que o governo, ao invés de desonerar o IPI para economia não ir para o buraco, corte na própria carne. Tire a diferença da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, dinheiro que vai diretamente para o caixa federal. A Assembleia Legislativa e a Associação Mineira de Municípios decidiram protocolar medida cautelar contra o governo federal. Passadas as eleições, o movimento do balcão de reclamação só tende a aumentar.

terça-feira, 6 de novembro de 2012

REFORMA DE LACERDA COMEÇA DE OLHO EM 2014.
Vai começar a corrida ao pote de ouro eleitoral. Dezenove partidos apoiaram a reeleição de Márcio Lacerda (PSB) e todos vão querer uma fatia do novo governo municipal. Amanhã, o prefeito dá largada às reuniões com os partidos da base aliada. O PT ocupava ao menos a metade da administração. Tinha três secretárias de peso, entre elas a de Obras, e a presidência de várias estatais. Ocupava, no total, 900 cargos comissionados na Prefeitura. Só isso dá uma reforma de peso no secretariado de Lacerda. O prefeito tem evitado o vazamento de nomes dos que devem assumir secretarias. Alguns nomes são evidentes, como é o caso dos vereadores Alberto Rodrigues, do PV, para a pasta de Esportes, e do vereador Fábio Caldeira, do PSB. Os dois não se reelegeram. Surgiu também o nome do teatrólogo Pedro Paulo Paiva para a Secretaria Municipal de Cultura, que será recriada. Muito mais que nomes, Márcio Lacerda terá de se preocupar em dar peso político ao novo secretariado. 2014 está aí. Além da articulada dobradinha presidencial com os tucanos – leia-se com Aécio Neves –,  há a sucessão estadual. E Márcio Lacerda é candidatíssimo, embora negue, à vaga do governador Antonio Anastasia.

MENSALÃO: OPOSIÇÃO RECUOU NO INDICIAMENTO DE LULA.
Acredito que dificilmente haverá um mensalão 2. Colocar Lula como réu no atual mensalão é impossível. Ele teria de ter sido indiciado no início do processo. Mas, na época, com a economia brasileira e a popularidade de Lula subindo às alturas, a oposição não teve coragem – acabou recuando. Mesmo agora a representação contra Lula chegou à Procuradoria Geral da República esvaziada. O DEM não assinou o requerimento. O partido de oposição alegou achar mais prudente aguardar a manifestação do Ministério Público sobre o depoimento de Marcos Valério, uma vez que o publicitário prestou depoimento ao procurador-geral Roberto Gurgel. Na semana passada, os tucanos também haviam recuado. Agora, para pegar os holofotes da retomada do julgamento do mensalão pelo Supremo Tribunal Federal, os tucanos resolveram endossar a representação. Mas ela não foi assinada pelo presidente nacional do PSDB, Sérgio Guerra, que se encontra doente. O chamegão tucano partiu de deputados e senadores, como o paranaense Álvaro Dias. Novo indicativo de recuo?

segunda-feira, 5 de novembro de 2012


INCOMPETÊNCIA PÚBLICA NÃO É FORÇA DA NATUREZA.
Eleição vai, eleição vem. Só nos últimos dias, foram nove mortes em Minas por causa da chuva, que antecipa a catástrofe anunciada todos os anos. As obras de infraestrutura para enfrentar os temporais e outras situações emergenciais no Estado não saíram. Depois do drama enfrentado por Minas em janeiro e fevereiro deste ano, com 19 mortes, 230 cidades em situação de emergência e mais de 110 mil pessoas desalojadas, até agora pouco foi feito. Foram prometidos R$ 30 bilhões para a infraestrutura, mas o dinheiro tem vindo em conta-gota. No início do ano, o governador Antonio Anastasia deixou de lado o estilo diplomático, criticando o “burocratismo” reinante no governo federal. Em um recado a todo governo Dilma, ele pediu agilidade na liberação de verbas. Anastasia disse que, em momentos de crise, a burocracia do papelório exigido aos municípios atingidos tem de ser suspensa. É até irônico. A presidente Dilma prorrogou por mais dois meses o pagamento da bolsa-estiagem em razão da seca prolongada nas regiões Norte e Nordeste do Estado. Cada família beneficiada pelo programa vai receber mais duas parcelas de R$ 80, totalizando um custeio de R$ 560 e não mais R$ 400, como estava previsto. Três milhões de famílias recebem a bolsa, em 1.245 municípios colocados em situação de emergência no País por causa da estiagem. Mas, com chuva e estiagem ao mesmo tempo, pode parecer que a natureza é culpada. Não é. O despreparo das autoridades e a dificuldade em formular propostas são a principal causa dos danos. Um exemplo: menos da metade dos recursos destinados a 11 ministérios - entre eles o de Cidades e Infraestrutura, -foi efetivada. Incompetência pública não é força da natureza.

quarta-feira, 31 de outubro de 2012


SE NÃO PRESSIONAR, OBRA FEDERAL FICA PARA AS CALENDAS.
Nos idos de março. A obra de duplicação da BR-381, só começará em 2013. Editais veem e editais vão; nem sempre eles resultam em obras. Mas a reivindicação, encaminhada há décadas pelos mineiros, será finalmente atendida, garantiram o governador Antonio Anastasia e o ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, hoje em Belo Horizonte. As péssimas condições dessa rodovia da morte – principalmente na região do Vale do Aço – já levaram vidas importantes, dentre elas a do escritor Oswaldo França Júnior, autor do clássico “Jorge, um Brasileiro”. No ano passado, foram 121 mortos em 2 mil e 500 acidentes – isso só no trecho entre Belo Horizonte e Valadares. A obra será feita em prazo superior a três anos – ultrapassando o primeiro mandato de Dilma Rousseff. O governo federal, portanto, promete a mais do que efetivamente tem condições de cumprir, pois ninguém pode garantir que haverá a reeleição da presidente. E que a obra não sofrerá solução de continuidade. A duplicação de 300 quilômetros entre as duas cidades custará R$ 3 bilhões 800 milhões. Dinheiro que virá unicamente dos cofres federais. A presidente Dilma prometeu, no início de junho, um pacote de R$ 6 bilhões para o Estado. Além da 381, o pacote previa obras de modernização do anel rodoviário e do rodoanel, outras reivindicações empoeiradas nas prateleiras do governo federal. Como o período era de pré-campanha eleitoral, é necessário que a bancada federal de Minas faça pressão, senão o dinheiro não sai. Fica para as calendas.

segunda-feira, 29 de outubro de 2012


ELEIÇÃO MOSTRA INÍCIO DE FADIGA COM O PT?
O PT não foi bem no segundo turno em Minas. Perdeu nas três cidades em que disputou.  Qual terá sido a influência do mensalão? O pior resultado foi em Contagem, onde o partido estava no poder há oito anos. No terceiro colégio eleitoral de Minas, Carlin Moura, do PCdoB, teve uma vitória avassaladora sobre o petista Durval Ângelo, com praticamente o dobro dos votos. Como os dois partidos são da base política da presidente Dilma, Carlin deve abrir espaço para o PT no secretariado. Mas vai ser um governo fatiado: 20 partidos apoiaram o prefeito eleito. O PT o 21º no novo poder? Em Juiz de Fora, o peemedebista Bruno Siqueira teve 57% contra 42% da rival do PT, Margarida Salomão. Só que a petista ganhou um prêmio extra de consolação: vai para a Câmara dos Deputados. Ocupará a vaga de Gilmar Machado, eleito prefeito de Uberlândia. Em Montes Claros, o placar foi semelhante. Ruy Muniz, do PRB, teve 56% dos votos. Paulo Guedes, do PT, 43%. O cientista-político Ricardo Guedes, do Instituto de Pesquisas Sensus, avalia que há um início de cansaço com o PT no País. “Um princípio de fadiga”, diz ele. Mesmo com a importante vitória de Fernando Haddad em São Paulo. Segundo ele, Haddad venceu uma disputa de rejeição – era menos rejeitado que o tucano José Serra. Para o cientista-político, os dois grandes vencedores da eleição municipal são o tucano Aécio Neves e o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, manda-chuva do PSB. Mesmo perdendo em Uberaba, onde o peemedebista Paulo Piau foi eleito, o PSB – comandado por Campos – cresceu 43% no País.

 

sexta-feira, 26 de outubro de 2012


PT DEVE PERDER FEIO NO DOMINGO EM MINAS.
Lula e Dilma não pisaram em Minas no segundo turno. Resultado: o PT, que tem candidatoS em três das quatro cidades que disputam o segundo turno no Estado, pode perder em todas.  Durval Ângelo (PT) está isolado em Contagem. O adversário, Carlin Moura (PCdo B), tem apoio de grande leque de partidos. Do DEM, passando pelo PSDB, Até o PMDB (o vice-presidente Michel Temer gravou para ele). Margarida Salomão, em Juiz de Fora, está 35,1% das intenções de voto, longe do concorrente Bruno Siqueira (PMDB), com 56,2%. A pesquisa é do instituto MDA, em parceria com o jornal “Estado de Minas”. Já Paulo Guedes (PT), em Montes Claros, que disputa com Ruy Muniz (PRB), também está em dificuldades. O mesmo instituto o aponta com 35,5% das intenções de voto, enquanto Muniz dispara com 44,1%. Lula, que comemora 67 anos amanhã – parabéns ex-presidente –,não deu bola para os petistas mineiros. Certamente, satisfeito com a vitória quase certa de Fernando Haddad em São Paulo. Segundo analistas, ele vai eleger um “poste” na capital paulista, já que Haddad não possuía nenhuma expressão eleitoral na cidade. E melhor: a vitória virá em cima de um arquirrival do petismo – o tucano José Serra. Mas, em Minas, os petistas ficaram a ver navios.

MARCOS VALÉRIO NO PAÍS DA CORRUPÇÃO.
O País do mensalão pode voltar a tremer. Marcos Valério, com pena prevista de mais de 40 anos, portanto, com possibilidade de passar longa temporada na cadeia, promete conceder uma entrevista bombástica. Deve revelar novos fatos e nomes desse imenso Brasil da corrupção. Ele ainda está se contendo, pois tenta diminuir o tamanho da pena. É recomendável que a Polícia Federal – a mais confiável do País – reforce a segurança de Marcos Valério. Para não haver queima de arquivo, como parece estar acontecendo no caso do goleiro Bruno. Outros réus do mensalão, também na linha de condenações pesadas, antecipam que seguirão caminho parecido. O pós-mensalão poderá mostrar tanta ou mais novidades do que o julgamento propriamente dito. O mensalão vai ficar parado dez dias. O motivo é a viagem do ministro-relator Joaquim Barbosa à Alemanha para tratamento de saúde. O julgamento só será retomado em 7 de novembro. Como os ministros batem cabeça sobre vários pontos, deverá ocorrer revisão de penas e de multas. Tomara que o mensalão não acabe se esfriando.

quinta-feira, 25 de outubro de 2012


LULA E DILMA NÃO PISAM EM MINAS NO SEGUNDO TURNO.
O PT – leia-se Lula – está se dando bem no segundo turno em São Paulo. Pesquisas recentes do DataFolha e Ibope mostram que Fernando Haddad tem, na antevéspera da eleição, cerca de 60 por cento dos votos válidos, contra 40 por cento do tucano José Serra.Em Minas, com quatro das 50 cidades brasileiras que terão eleição no domingo, a realidade parece ser outra, embora as pesquisas tenham sido feitas há duas semanas. O PT disputa o segundo turno em três desses municípios: Contagem, Juiz de Fora e Montes Claros. A exceção é Montes Claros, onde o deputado Paulo Guedes estaria com 53,2 por cento, contra 46,8% de seu adversário, Rui Muniz (PRB), segundo o instituto Aprove Projetos e Pesquisas. Mesmo assim, nas últimas horas, o quadro aponta para o acirramento da disputa. Nas demais, o quadro não está fácil para o partido. Em Juiz de Fora, o Ibope apontou o peemedebista Bruno Siqueira na dianteira com 54% das intenções de voto. Já a candidata petista Margarida Salomão teria 37%. Em Contagem, a disputa também segue acirrada entre o petista Durval Ângelo e Carlin Moura, do PCdoB. Se o PT não se sair bem em Minas, Lula e Dilma se tornarão alvo de críticas – já que não pisaram no Estado no segundo turno.
 

quarta-feira, 17 de outubro de 2012


LULA E DILMA DEIXAM PETISTAS A VER NAVIOS.
Os caciques do PT – ex-presidente Lula e a presidente Dilma – vão deixar a ver navios os candidatos petistas que disputam o segundo turno em Minas. Em Juiz de Fora, Margarida Salomão; Contagem, deputado Durval Ângelo, e Montes Claros, o também deputado Paulo Guedes. Todos eles contavam com o reforço dos carros-chefes petistas para a nova etapa da eleição. Vão ter de se contentar com gravações de Lula e Dilma para os programas eleitorais. E com a eventual presença de ministros nas campanhas. Tucanos criticaram ontem a presença do governo federal na disputa municipal (como se também não fizessem isso...). Mas não foi esse o motivo que levou à decisão. Nos 10 dias que restam de campanha, tanto Lula quanto Dilma pretendem concentrar o apoio a candidatos do partido que disputam em capitais. A presidente vai a palanques em Manaus, Salvador e São Paulo. E tem nome e sobrenome quem receberá a maior fatia de apoio: Fernando Haddad, que disputa a prefeitura paulistana com o arquirrival do PT, José Serra, do PSDB. Depois da derrota de Patrus Ananias em Belo Horizonte, a vitória de Haddad – candidato encolhido diretamente por Lula – virou ponto de honra para o partido E prenúncio do choque que haverá entre petistas e tucanos pela Presidência da República em 2014.
 
NÃO É EVASÃO DE DIVISAS?
Receber R$ 10,5 milhões do PT, no exterior, dinheiro carimbado do mensalão, obviamente sem passar por quaisquer trâmites oficiais. Montar uma offshore para receber a dinheirama. Se isso não é evasão de divisas, o que é? Até o mais crédulo sabe que a absolvição de Duda Mendonça e de sua sócia Zilmar Fernandes pode aplicar uma mancha no julgamento do mensalão pelo Supremo Tribunal Federal.
 

 

terça-feira, 16 de outubro de 2012

 
MINIRREFORMA DE ANASTASIA PROJETA 2014.
A minirreforma do secretariado do governador Antonio Anastasia (PSDB) projeta a disputa do governo do Estado em 2014. O prefeito Márcio Lacerda (PSB) sai na dianteira dessa corrida que envolve outros nomes. Os dois novos secretários têm ligação direta com o prefeito, com sua reeleição. O petebista Eros Biondini largou mão de concorrer à prefeitura em apoio a Lacerda. Ganha como prêmio a Secretaria de Esportes e Juventude reforçada. A pasta voltará a comandar a política de combate a drogas, até então assumida pela Secretaria de Defesa Social. Portanto, o trabalho antidrogas será menos policialesco e mais social e esportivo – como é a tendência contemporânea em países mais avançados. Já a indicação do filho do prefeito, Tiago Lacerda, além da ponte política, integra a prefeitura ao governo do Estado para a Copa do Mundo de 2014. Tiago ocupava cargo similar na Prefeitura, mas a indicação foi questionada pelo Ministério Público por configurar nepotismo, mesmo tendo ele aberto mão de receber salários pela função. A indicação à Secretaria Extraordinária da Copa do Mundo não deixa ser um desagravo promovido pelo governador a esse incidente. Anastasia, que deverá deixar o governo daqui a um ano e meio para concorrer ao Senado, dá, portanto, o chute inicial na partida que vai valer a sucessão dele. Outro forte candidato na disputa é o vice-governador Alberto Pinto Coelho (PP). Com a eventual saída de Anastasia, ele vai herdar o governo por nove meses. E, naturalmente, vai querer impor o próprio nome como candidato à reeleição. Essas e outras nuances terão de ser analisadas pelo grupo político comandado pelo senador Aécio Neves, a quem interessa puxar o PSB para o esteio de sua candidatura à Presidência da República.

quinta-feira, 11 de outubro de 2012


POLARIZAÇÃO PT-PSDB SE DESDOBRA EM CONTAGEM.
O PT sofreu um estrago na região metropolitana. Comandava quatro prefeituras de grande porte na região. Pode ficar a ver navios. Vejamos: em Belo Horizonte, o poder era fatiado principalmente entre PSB e PT. Caiu por terra. Em Betim, a prefeita Maria do Carmo Lara não se reelegeu. Sem um nome petista à altura, o prefeito de Nova Lima, Carlinhos do PT, teve de apoiar um peemedebista – Cassinho. O último reduto do PT é Contagem, onde disputam o segundo turno dois deputados: Durval Ângelo (PT) e Carlin Moura (PCdoB). Parceiros do bloco de oposição na Assembleia Legislativa, eles se enfrentam agora em um vale-tudo eleitoral. Durval tem o apoio da máquina municipal petista, há oito anos no poder, e sonha com a presença de Lula e Dilma no segundo turno. Tanto ele, quanto Carlin disputam os 80 mil votos do terceiro colocado, o tucano Ademir Lucas. A vantagem é de Carlin, que contará com o apoio do senador Aécio Neves. Portanto, a polarização que houve em Belo Horizonte entre o petismo – leia-se Lula e Dilma – e os tucanos liderados por Aécio poderá se desdobrar em Contagem.

quarta-feira, 10 de outubro de 2012


NÃO É HISTÓRIA DE BANDIDO E MOCINHO.
A escolha do ministro Joaquim Barbosa para a presidência do Supremo não deixa de ser uma homenagem aos afrodescendentes brasileiros. Negros e pardos são 50,7% da população do País – e Barbosa será o primeiro a ser assumir a Presidência do STJ. Mineiro de Paracatu, de origem muito pobre, ele já foi faxineiro e tipógrafo. Contra tudo e contra todos, fez doutorado na Universidade de Paris. É um herói brasileiro. O Brasil tem essas sagas. Machado de Assis, neto de escravos, é considerado maior escritor afrodescendente da história da Humanidade.Temo, no entanto, o paralelo que está sendo feito entre Barbosa e José Dirceu. Não é história de bandido e mocinho. Não há o que discutir sobre a condenação do ex-ministro. O mensalão foi um desvio do governo petista, que chegou ao poder justamente por se colocar contra esse tipo de maracutaia (palavra que ficou famosa após ter sido usada pelo ex-presidente Lula). Mas, Dirceu também tem serviços prestados ao País, desde a luta contra a ditadura militar e pela redemocratização do País. Como resumiu a ministra Carmen Lúcia – ela também, mineira –, um motorista pode dirigir corretamente grande parte de um percurso de 100 quilômetros, mas cometer uma ilegalidade no final do trajeto. Dirceu capotou o carro, a se tomar pela metáfora, nos últimos quilômetros. Por isso, a ministra Carmen Lúcia disse que julgou fatos, não a História. O PT reagiu. Frisou, em nota, estar sendo vítima de hipocrisia e intolerância. José Dirceu afirmou que mais importante que o julgamento é o partido ter vencido as eleições. Essa guerra vai se desdobrar no segundo turno em São Paulo e na disputa da Presidência em 2014. Colocando, mais uma vez, frente a frente os comboios petistas e tucanos.

 

terça-feira, 9 de outubro de 2012


VENDAVAL NA CÂMARA MUNICIPAL DE BH.
Achar que o eleitor é alienado pode ser fatal em política. É o caso da Câmara Municipal de Belo Horizonte – envolvida em vários escândalos nos últimos anos.  A renovação dos mandatos de vereadores foi alta: 54%. Todos os dez vereadores e ex-vereadores acusados de cobrar propina para liberar a ampliação de um shopping na cidade ficaram a ver navios. Sem exceção: os vereadores Hugo Thomé e Carlúcio Gonçalves, que chegaram a ser afastados do mandato, e Geraldo Félix, Alberto Rodrigues e Maria Lúcia Scarpelli não se reelegeram.  Mesma situação dos ex-vereadores Vinícius Dantas, Índio e Valdivino Pereira. Todos barrados pelos eleitores. Foi muito escândalo e a farra com o dinheiro público na Câmara Municipal. Vale lembrar a tentativa de aumento dos salários dos vereadores em mais de 61 por cento – contra 24 de inflação no período. O ex-vereador Gêra Ornellas foi acusado de despachar no gabinete dele de cuecas, entre outras denúncias. o gabinete do vereador João da Locadora estaria sendo usado como ponto de venda de drogas. O Ministério Público acusou a maioria dos vereadores por improbidade administrativa.  Eles estavam usando as verbas indenizatórias em benefício próprio. Por exemplo: colocando gasolina no carro oficial que daria para dar a volta na terra. Ou pagando contas milionárias em gráficas. Os prejuízos foram de R$ 10 milhões a R$ 12 milhões em dois anos. Vereadores que não se reelegeram afirmam que o presidente da Câmara, vereador Leo Burguês, é culpado pelo vendaval que passou por lá. Mesmo porque Burguês também foi alvo de várias acusações.

segunda-feira, 8 de outubro de 2012


TRÊS A ZERO DE AÉCIO SOBRE O PT E ALGUNS REVEZES.
Quem ganhou a eleição em Minas? O nome que salta das urnas é o do tucano Aécio Neves. Foram três vitórias em uma. Houve também revezes. Ele apostou as suas fichas no prefeito Márcio Lacerda (PSB), provocando o racha com o PT. Os dois partidos estavam quietinhos, acomodados na Prefeitura há quase 20 anos. 1 a 0. Centralizou ainda uma troca de farpas inédita com a presidente Dilma. Como nesses casos, a última palavra atende por vitória, terminou vencendo o embate com a presidente. 2 no placar. Por último, conseguiu estremecer o acordo nacional consolidado entre o PT o governador de Pernambuco, Eduardo Campos – mandachuva do PSB. 3 a zero. Está certo que o crescimento dos socialistas pode ameaçar o voo que o tucano pretende fazer em 2014 à Presidência da República. Campos sai da eleição com vitórias substanciais sobre o PT, também alimentando o sonho de se tornar presidente. Há jogo contra também em Minas. O PSDB diminuiu as cadeiras na Câmara Municipal de quatro para três. Enquanto o PSB dobrou – de três para meia-dúzia. No Estado, os tucanos caíram de 158 prefeitos eleitos para 143 – 15 cidades a menos. Mas essa conta também pode ser feita com outra contabilidade política. Entre os prefeitos eleitos no Estado quase 80% pertencem à base aecista. E na Câmara Municipal, a oposição ficou resumida a um quarto da Casa: seis vereadores petistas, dois do PC do B e apenas um peemedebista.  Talvez um ou outro de outra legenda. A dúvida que fica é como Aécio vai administrar essa vitória, já que muita água deve passar por debaixo da ponte até 2014.

quinta-feira, 4 de outubro de 2012


VOTE NO ADVERSÁRIO DE QUEM FAZ JOGO SUJO.
Eleição é o espetáculo da democracia. Está certo que poderíamos ter políticos melhores, mais competentes, mais honestos. Mas o contrário de democracia é ditadura. Nós tivemos uma ditadura de generais no Brasil que durou 21 anos. Não resolveu nada. Deixou como herança a tortura, o assassinato de opositores. Têm pessoas que batem o pé: dizem que não gostam de política. Gostam mais de futebol, de arte, por aí a fora. Porém, é a política que muda as condições da sociedade. Define o seu salário. Determina se a sua rua vai ter segurança ou não. Cada um gosta, naturalmente, do que quiser. Mas isso não é gostar de maçã ou pêra. Achar que política é o fim, acaba tirando você do comando. Impedindo-o de ajudar a fazer uma sociedade melhor, como você pensa. A eleição em Belo Horizonte está acirrada. Pode ser decidida no primeiro turno. Ou a disputa ir para o segundo turno, já que os números estão mudando. Você também comanda esse jogo. Portanto, se tiver em condições, não deixe de votar no domingo. Se oferecerem a você vantagem de algum tipo, vote no adversário de quem está fazendo jogo sujo. Bom voto para você.

quarta-feira, 3 de outubro de 2012


JOSÉ DIRCEU – DE PRÍNCIPE A DEMÔNIO.
Falar que José Dirceu é um ícone, um peso-pesado do PT é pouco. Dirceu foi incensado, virou herói na ditadura militar. E está sendo demonizado na democracia. A sua vida dá um romance, que já deve estar sendo escrito, pois ele é amigo do escritor Fernando Morais – aquele do livro “Olga” –, especializado em biografias. Dirceu foi líder estudantil na época barra-pesada do  A1-5, era  o “príncipe das esquerdas”. Em 1969, foi trocado, juntamente com outros 13 presos políticos, pelo embaixador dos Estados Unidos no Brasil, que fora seqüestrado pela guerrilha. Fez uma plástica completa do rosto e retornou ao Brasil dois anos depois, passando a viver clandestinamente. Passou a usar o nome “Carlos Henrique Gouveia de Mello”. Foi viver no interior do Paraná, onde se casou, em 1975, com uma fazendeira. Só cinco anos depois ela ficou sabendo que o “Carlos” era José Dirceu. Para o ministro-relator Joaquim Barbosa, o petista foi o mandante do mensalão. Comandava o valerioduto, as transações do operador do escândalo, Marcos Valério, e do tesoureiro do PT, Delúbio Soares. Era o “broker” de Valério, que prestava serviços para ele, segundo o relator do STF. Em outra vertente, José Dirceu continua herói, ainda é o "cara" das esquerdas. A avaliação é de que ele está pagando o preço político do governo Lula, que teria afrontado as classes dominantes brasileiras ao elevar a renda dos mais pobres. Resta saber como o julgamento do ex-chefão do PT vai repercutir no imaginário do eleitor na reta final das eleições. Se o mensalão, como é o caso de Belo Horizonte, pode tirar votos do PT. E até contrabalançar os ganhos obtidos pela presença da presidente Dilma na campanha de Patrus Ananias – em um socorro eleitoral deixado para a última hora. São incógnitas.

terça-feira, 2 de outubro de 2012

DILMA EMPURRA PATRUS AO SEGUNDO TURNO?
Dilma Rousseff e Michel Temer fazem amanhã comício no Barreiro, região de influência tanto do PT, quanto do PMDB. Os petistas apostam suas fichas na influência da dupla, principalmente na de Dilma, para Patrus chegar ao segundo turno. O resultado do Ibope, hoje à noite, ajudou na aritmética petista: 44% a 35%, a diferença caindo de 17% para 9%. A presença de Dilma em Belo Horizonte foi cercada de mistério. A confirmação veio em conta-gotas. Fontes petistas juraram, a princípio, que a presidente não entraria na campanha no primeiro turno. Principalmente em cidades em que o adversário também integra a base aliado do governo. Ela acabou cedendo à pressão de Lula e do PT em São Paulo. Mas lá o petista Fernando Haddad disputa é com José Serra a corrida para colocar o pé no segundo turno. E Serra pertence ao grã-tucanato, grupo adversário do Governo. Aqui em Belo Horizonte é diferente: Lacerda é do PSB, partido aninhado ao Governo. Mas a pressão aqui também funcionou. Até meados da tarde, a campanha de Lacerda não acreditava que Dilma viria a Belo Horizonte. Até mesmo por causa desse propalado apoio à presidente. Em debate, na Record Minas, na madrugada desta terça-feira, Lacerda criticou Lula, mas cobriu Dilma de elogios. Agora, ao comentar a participação dela em Belo Horizonte, ele não se fez de rogado. Disse que a presidente é “muito bem vinda” e que “vamos recebê-la de braços abertos”. Mas completou que a presença dela não vai alterar o resultado em Belo Horizonte. Bem, isso, só a eleição dirá.

segunda-feira, 1 de outubro de 2012


A PEDRA DE JEFFERSON É A MESMA DE DIRCEU.
Esta será uma semana emblemática do mensalão. Não é só pela condenação, hoje, do delator do escândalo – ex-deputado Roberto Jefferson (PTB) – por lavagem de dinheiro, depois de já ter sido condenado por corrupção passiva. É também porque o ex-ministro José Dirceu (PT) entrará na pauta do julgamento. Há uma análise que achei muito procedente. Ela diz que Jefferson e Dirceu, embora inimigos viscerais, vivendo em campos políticos opostos, são gêmeos siameses nesse processo. A mesma pedra que puxar um deles para o fundo do rio, puxará o outro. Os dois podem levar punições semelhantes. Tanto um quanto o outro, já se prepara para passar uma temporada preso. Embora a defesa de Dirceu negue a existência de provas contra ele, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, acredita no total envolvimento do ex-ministro no mensalão. “A prova é mais que abundante, a prova é torrencial em relação ao ministro José Dirceu”, disse Gurgel. Apadrinhado por Lula, o ex-ministro ameaça ir a um tribunal internacional em caso de decisão mais contundente em relação a ele. Mas isso leva jeito de balão de ensaio. Em meio às condenações do Supremo, está ainda a do ex-deputado mineiro Romeu Queiroz, também por lavagem de dinheiro. Queiroz já foi o todo-poderoso presidente da Assembléia Legislativa de Minas. O mensalão minou a sua carreira política.

 

sexta-feira, 28 de setembro de 2012


A TRANCA DA ECONOMIA.
A situação da economia não é nem um pouco confortável. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, ironizou, há três meses, que a previsão dessa importante instituição financeira internacional era uma “piada”. Pois é: a piada virou realidade. E, segundo economistas, há possibilidade de a economia despencar ainda mais. A previsão da Confederação Nacional da Indústria (CNI) é que o crescimento do setor este ano será nulo, zerado. A estagnação atingirá mais a indústria de transformação, que deverá ter uma queda de 1,6%. No ano passado, a indústria só cresceu 0,3%. Foi uma queda brusca em comparação a 2010, último ano do governo Lula (PT), que foi de 10,5%. Era outro País. Ainda não se sabe como ficará a situação em Minas, em que a economia está mais fincada na exportação de commodities – minério de ferro, café, entre outros. Mas, em agosto último, o Estado apresentou a primeira queda no saldo de empregos formais no ano. Foram 213 mil admissões contra 216 mil demissões. Portanto, o número caiu em cerca de 3 mil vagas. Se continuar por aí, não ficará nada bom.

quinta-feira, 27 de setembro de 2012


NA RETA FINAL, SARAIVADA DE DEBATES EM BH.
Os dois principais candidatos à prefeitura de Belo Horizonte – Márcio Lacerda (PSB) e Patrus Ananias (PT) – correm contra o tempo. O próximo final de semana é último de campanha. No domingo seguinte, já é a eleição. Ainda procurando subir nas pesquisas, o candidato do PT pretende ocupar a cidade no sábado e domingo. Vão ser feitas caravanas nas nove regiões da cidade. Sem previsão da presença de Lula ou de Dilma na reta final de campanha, Patrus quer provar que o PT é um partido de chegada. A campanha de Lacerda também não ficará parada. No sábado, fará uma carreata na região Norte – que concentra grande número de eleitores. Em companhia de seu cabo eleitoral forte, Aécio Neves (PSDB). Os dois candidatos também se preparam para uma saraivada de debates na TV. Geralmente, os debates acontecem mais tarde – invadindo a madrugada. Não mostram grande audiência. Mas a repercussão nos dias seguintes, no disse me disse, nas redes sociais, pode provocar estragos. Na segunda-feira, será na Record Minas. Na terça, na TV Alterosa. E, na noite seguinte, fechando o primeiro turno, no último dia do horário eleitoral, será a vez do debate na Globo Minas. Depois, no domingo, será o grande debate – o das urnas.