JOSÉ DIRCEU – DE PRÍNCIPE A
DEMÔNIO.
Falar que José Dirceu é um
ícone, um peso-pesado do PT é pouco. Dirceu foi incensado, virou herói na
ditadura militar. E está sendo demonizado na democracia. A sua
vida dá um romance, que já deve estar sendo escrito, pois ele é amigo do
escritor Fernando Morais – aquele do livro “Olga” –, especializado em
biografias. Dirceu foi líder estudantil na época barra-pesada do A1-5, era o “príncipe das esquerdas”. Em 1969, foi
trocado, juntamente com outros 13 presos políticos, pelo embaixador dos Estados
Unidos no Brasil, que fora seqüestrado pela guerrilha. Fez uma plástica
completa do rosto e retornou ao Brasil dois anos depois, passando a viver clandestinamente.
Passou a usar o nome “Carlos Henrique Gouveia de Mello”. Foi viver no interior
do Paraná, onde se casou, em 1975, com uma fazendeira. Só cinco anos depois ela
ficou sabendo que o “Carlos” era José Dirceu. Para o ministro-relator Joaquim Barbosa, o petista foi o mandante do
mensalão. Comandava o valerioduto, as transações do operador do escândalo, Marcos
Valério, e do tesoureiro do PT, Delúbio Soares. Era o “broker” de Valério, que
prestava serviços para ele, segundo o relator do STF. Em outra vertente, José
Dirceu continua herói, ainda é o "cara" das esquerdas. A avaliação é de que ele está pagando
o preço político do governo Lula, que teria afrontado as classes dominantes
brasileiras ao elevar a renda dos mais pobres. Resta saber como o julgamento do ex-chefão do PT vai repercutir no
imaginário do eleitor na reta final das eleições. Se o mensalão, como é o
caso de Belo Horizonte, pode tirar votos do PT. E até contrabalançar os
ganhos obtidos pela presença da presidente Dilma na campanha de Patrus Ananias – em um
socorro eleitoral deixado para a última hora. São incógnitas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário