Páginas

quarta-feira, 3 de outubro de 2012


JOSÉ DIRCEU – DE PRÍNCIPE A DEMÔNIO.
Falar que José Dirceu é um ícone, um peso-pesado do PT é pouco. Dirceu foi incensado, virou herói na ditadura militar. E está sendo demonizado na democracia. A sua vida dá um romance, que já deve estar sendo escrito, pois ele é amigo do escritor Fernando Morais – aquele do livro “Olga” –, especializado em biografias. Dirceu foi líder estudantil na época barra-pesada do  A1-5, era  o “príncipe das esquerdas”. Em 1969, foi trocado, juntamente com outros 13 presos políticos, pelo embaixador dos Estados Unidos no Brasil, que fora seqüestrado pela guerrilha. Fez uma plástica completa do rosto e retornou ao Brasil dois anos depois, passando a viver clandestinamente. Passou a usar o nome “Carlos Henrique Gouveia de Mello”. Foi viver no interior do Paraná, onde se casou, em 1975, com uma fazendeira. Só cinco anos depois ela ficou sabendo que o “Carlos” era José Dirceu. Para o ministro-relator Joaquim Barbosa, o petista foi o mandante do mensalão. Comandava o valerioduto, as transações do operador do escândalo, Marcos Valério, e do tesoureiro do PT, Delúbio Soares. Era o “broker” de Valério, que prestava serviços para ele, segundo o relator do STF. Em outra vertente, José Dirceu continua herói, ainda é o "cara" das esquerdas. A avaliação é de que ele está pagando o preço político do governo Lula, que teria afrontado as classes dominantes brasileiras ao elevar a renda dos mais pobres. Resta saber como o julgamento do ex-chefão do PT vai repercutir no imaginário do eleitor na reta final das eleições. Se o mensalão, como é o caso de Belo Horizonte, pode tirar votos do PT. E até contrabalançar os ganhos obtidos pela presença da presidente Dilma na campanha de Patrus Ananias – em um socorro eleitoral deixado para a última hora. São incógnitas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário