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quarta-feira, 10 de outubro de 2012


NÃO É HISTÓRIA DE BANDIDO E MOCINHO.
A escolha do ministro Joaquim Barbosa para a presidência do Supremo não deixa de ser uma homenagem aos afrodescendentes brasileiros. Negros e pardos são 50,7% da população do País – e Barbosa será o primeiro a ser assumir a Presidência do STJ. Mineiro de Paracatu, de origem muito pobre, ele já foi faxineiro e tipógrafo. Contra tudo e contra todos, fez doutorado na Universidade de Paris. É um herói brasileiro. O Brasil tem essas sagas. Machado de Assis, neto de escravos, é considerado maior escritor afrodescendente da história da Humanidade.Temo, no entanto, o paralelo que está sendo feito entre Barbosa e José Dirceu. Não é história de bandido e mocinho. Não há o que discutir sobre a condenação do ex-ministro. O mensalão foi um desvio do governo petista, que chegou ao poder justamente por se colocar contra esse tipo de maracutaia (palavra que ficou famosa após ter sido usada pelo ex-presidente Lula). Mas, Dirceu também tem serviços prestados ao País, desde a luta contra a ditadura militar e pela redemocratização do País. Como resumiu a ministra Carmen Lúcia – ela também, mineira –, um motorista pode dirigir corretamente grande parte de um percurso de 100 quilômetros, mas cometer uma ilegalidade no final do trajeto. Dirceu capotou o carro, a se tomar pela metáfora, nos últimos quilômetros. Por isso, a ministra Carmen Lúcia disse que julgou fatos, não a História. O PT reagiu. Frisou, em nota, estar sendo vítima de hipocrisia e intolerância. José Dirceu afirmou que mais importante que o julgamento é o partido ter vencido as eleições. Essa guerra vai se desdobrar no segundo turno em São Paulo e na disputa da Presidência em 2014. Colocando, mais uma vez, frente a frente os comboios petistas e tucanos.

 

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